”O Jogo Já Começou” by Julian Barnes / Critica de Terrence Rafferty
Publicação do New York Times
Como uma genuína casa de campo inglesa , “ Arthur and George “ do escritor Julian Barnes , foi construído grande ,sólido e tem fantasmas. O mais persistente espírito rondando o livro , toma a forma de um tema que a primeira vista parece inócuo e puramente retórico : “ Como VC pode ter uma idéia do começo , a não ser que VC saiba do final ?” Considerando quem está dizendo , ser um escritor de historias de detetives – o pseudônimo Arthur é , na realidade , Conan Doyle – isso parece ser uma sensível redundância : uma severa e decisiva afirmação para alguém que poderia imaginar que uma historia de mistério pudesse ser construída de outra maneira . Mas ao longo desta trama extraordinária , a respeito de um mistério da vida real , esta questão “ passa longe “ ( como Doyle , o espiritualista poderia dizer ) de sua forma original , termina sua breve narrativa como,
“ está diante de seu nariz certamente “ e se torna alguma coisa mais elusiva – uma questão que leva a uma outra questão que sugerem mistérios , que nem o grande Sherlock Holmes poderia resolver.........!
Se isso faz com que “ Arthur and George “ pareça um enigma de ficção metafísica do tipo Borges / Eco , imagino que não possa ajudar . Seus fantasmas – as enormes questões de vida e morte e verdade e espaço- tempo , estão todas lá , e nada fará com que vão embora .Mas ser inglês , significa, não dar muita atenção para esse tipo de coisa : coloque–se no lugar, em uma enorme casa e viva com incômodos espectros , como VC faz com os rascunhos inevitáveis . VC vai levando . O que é mais admirável a respeito de
Arthur Conan Doyle , que gostava de descrever a si mesmo como um homem inglês sem “ carteirinha “ é que ele possuía , improvavelmente , o clássico temperamento inglês ( ele era um esguio esportista , como também , um escritor profissional supremamente disciplinado ) e uma curiosidade menos típica
a respeito de questões do espírito . Seu interesse tardio na vida e a infatigável disseminação do que ele chamava de “ espiritismo “ – a crença de que os vivos podem contatar os mortos – consternaram e confundiram muitos admiradores de suas historias a respeito do hiperracional Holmes , mas em “ Arthur and George “ as aparentes contradições de Doyle tem uma espécie de razão peculiar , particularmente pelo fato da perspectiva da historia poder iluminar até o mais obscuro temperamento humano : o saber de que o nosso ” viver” tem uma razão maior . E parcialmente , talvez, porque Julian Barnes ( o autor do livro ) sem apologia às suas preferências Francesas poderão soar como dissonantes para o compatriota espiritualismo de Doyle , ser parecida com a pseudo ilegitimidade do Inglês .
Eu não gostaria de empurrar esta comparação para muito longe.
Estou falando a respeito da simpatia de um novelista inteligente por seu tema , e não a respeito de qualquer coisa , como uma auto identificação dedicada de Barnes , pelo mesmo assunto , e provavelmente muito modesta alem disso .
Está claro porém que, ele admira tanto a recusa de Doyle de ser totalmente inglês como também ( os Doyles eram de fato Católicos Irlandeses , e Arthur nasceu em Edimburgh ) a sua inabilidade para não ser . Um outro pequeno personagem , um pedinte de nome George Edalji , é , como fomos informados levado também a crer pelo lado não Inglês de Doyle , porque ele considera o” Sir Arthur” como muito legitimo de fato e não pode entender o porque deste tão famoso cavalheiro querer ser alguém diferente de si mesmo .
Edalji , nascido em Midlands de um pai Indio e uma mãe escocesa,
é orgulhosamente , inimaginavelmente um Inglês ele próprio : uma espécie de homem dolorosamente correto , para quem a lei é muito mais uma maneira de dar sentido ao mundo , do que a religião pregada por seu pai , o vigário de Great Wyrley , Staffordshire. Com a lei, George acha que “ existe uma grande quantidade de exeges textuais , de explicações de como as palavras podem e significam coisas diferentes , e há quase tantos livros de comentários da lei como há na bíblia . Mas no final , não há tantas correções para fazer . No final VC tem um acordo para uma decisão a ser obedecida , um entendimento do que alguma coisa significa .” Há uma jornada com origem na confusão ,indo para o esclarecimento.”
A idéia de que George Edalji – escuro – magro , não esportista , insociável , com um último nome que ninguém sabe pronunciar – é ao seu próprio modo , mais convencionalmente Inglês do que Sir Arthur Conan Doyle , poderia talvez ser suficientemente irônico para a maioria dos novelistas . Para Barnes , no entanto , um pequeno e saboroso paradoxo , como aquele , não é mais do que um aperitivo . Ele possui um grande e maior peixe ( com fritas ) para a cozinha. ( Fish & Chips = a prato muito apreciado e consumido na Inglaterra) . Pelo tempo que Arthur e George , finalmente se encontram , mais exatamente um pouco além da metade do livro cujo titulo, eles compartilham , nós já sabemos o bastante a respeito de ambos para compreender que seus estilos diferentes de , “serem ingleses “de alguma maneira, se destacam pelas suas diferentes visões de vida . ( Uma outra pequena e suculenta ironia : Arthur , pré Holmes , era um oftalmologista ; George , severamente míope. ) O que eles tinham em comum , acaba por se tornar uma seriedade fundamental a respeito de fazer a “ jornada da confusão para a clarividência “ ,e quando se encontram , em 1907 , eles também dividem o ( implícito ) senso que a suas jornadas individuais , os tenham levado inteiramente a
um outro destino .
O modo de vida de George , foi desviado por tudo , entre, o que mais , foi o sistema de justiça criminal . Ele foi , com escassas evidencias acusado , julgado e condenado de uma serie de mutilações de animais perto de Great Wyrley , e passou três anos na prisão e – talvez pior do seu ponto de vista – perdeu sua licença para advogar . No caso de Arthur , seu desvio , pela sua própria visão , foi moral , mais exatamente, espiritual. Sua esposa , Touie
faleceu após uma longa batalha degenerativa , deixando Doyle , agora em seus 40 anos , com uma inconfortável , talvez até paralisante , carga de culpa . Ele estava apaixonado por uma outra mulher , Jean Leckie , já por vários anos , e apesar de que já estivesse livre para casar com sua” mulher misteriosa “ ( com quem ainda não tinha dormido , para não se sentir mal ) se vê deprimido , incapaz de levar a vida à sua maneira vigorosa .
“ Ele sempre imaginou que a longa enfermidade de Touie , estava de alguma maneira o preparando para sua morte”, ( de Touie ) NT,
Barnes escreve “ ele sempre imaginou que luto e culpa , quando seguidos um do outro , teriam sempre arestas claras, mais definidas e finitas . Em vez disso , eles ( Arthur e George ) pareciam como o tempo , nuvens em constantes mudanças , sopradas por ventos sem nomes e inidentificáveis “. Mesmo que Doyle odiasse seu temperamento intercambiável , sua imprevisão não é , neste evento, completamente inútil para ele : Num dia, uma rajada de vento sopra para ele a chance da salvação , na forma de uma carta de George Edalji .
Para Arthur , a oportunidade de compensar um erro doloroso é só o começo. Oferece um caminho para o seu melhor , no sentido de restaurar o que tem de virtuoso e talvez até de recuperar a sua longa fé de que “ a vida é uma questão de bravura “ , na qual em seu recente encolhimento , o levou a um abatimento . Ele não diz que “ o jogo já está em andamento “ mas muito perto disso. O que ele queria dizer é que sua vida já estava meio vivida. Para George
a quem ,o modelo de existência preferida era como uma jornada
por uma estrada de ferro – mundana e dependente , com progressões já determinadas a partir de um ponto inicial , para um ponto designado “ terminus “ – o tema é mais simples . Ele quer sua vida de volta nos trilhos .
A estória de Arthur Conan Doyle e George Edalji é verdadeira, bastante bem conhecida e razoavelmente importante historicamente – O trabalho de Doyle , ajudou a liderar a criação da Corte de Apelaçao Criminal em 1907 – e Barnes a descreve rápida , cuidadosa e vividamente , com um ritmo e uma variedade
que, os leitores que demandam a ficção popular e conhecedores de ficção literária aprendem a persuadir a si próprios que podem ficar alheios a ele . “ Ele é bem claro “ este dramaturgo escreve a respeito do herói de suas tramas , a” respeito da responsabilidade do escritor : elas tem de ser primeiramente inteligíveis , secundariamente interessante, e em terceiro lugar serem inventivas “. Enquanto Barnes evidentemente concorda e preenche sua obrigação para entregar um filão de ótima qualidade
ele talvez não esteja sendo tão claro quanto Sir Arthur até este ponto – menos verdadeiro do que razoável para ser neste intrincado negócio de escrever ficção. “ Arthur and George “ não é interessante puramente por sua inteligível e inventiva estória .
Como em qualquer trama de primeira qualidade , sua essência é o seu melhor, e é percebida como uma espécie de presença espectral , menos definida e menos finita do que as estórias que contamos para nós mesmos como comumente e pragmaticamente fazem , com o propósito de nos ajudar de alguma maneira , de qualquer maneira , levarmos a nossa vida – imaginarmos uma luz clara no final do túnel , um final que tenha sentido do começo ( e se tivermos sorte , de toda a confusão entre si ) .
A verdade subjetiva de “ Arthur and George, “ o fantasma em qualquer canto de sua impressionante estrutura narrativa , é a intensa procura pela clareza , um desejo pelo desempenho de personagens em suas varias formas – como uma fé religiosa , assim como também contos de estórias , como bolsa de estudo , como espiritismo de esperança , como amor romântico . A beleza do livro está no irrestrito respeito , pelo nível de verificação que Barnes mantém até pelos seus mais desesperados estratagemas mentais para manter a confusão no horizonte . O puritanismo e a estreiteza legalidade de George , deveriam fazer dele detestável , e sempre o fazem , mas ele não é só detestável . Não se pode evitar de admirar sua tenacidade , sua vontade de criar e sustentar , a ponto de se auto- parodiar numa identidade inteiramente inglesa, que frequentemente parece determinada a negar a ele satisfação.
E Arthur ainda como um personagem muito maior , o vigia intelectualmente, algumas vezes vem a campo ameaçador e inadequadamente idiota, um “ João Buldogue “ numa loja chinesa ,
quebrando coisas aos pedaços na sua poderosa pressa para chegar ao fim de uma maneira ou de outra . Mas até em sua inabilidade e na sua maior auto desilusão , Doyle é , na sua visão, generoso e plausível , preferencialmente um homem nobre que luta bravamente contra seus contemporâneos, podendo ser chamado de instintivo – e também , mais tolerante , contra sua idéia inaceitável de todas as atividades do viver , não tendo razão nem significado .
Para esclarecer : Julian Barnes escreveu uma trama profundamente Inglesa , com um estilo grandioso , a respeito de questões existenciais com um todo preferencialmente Francês .
“Arthur and George” concilia sua contemplação” dos imponderáveis e furtivos” , discretamente escondendo-os atrás das cortinas enquanto cenas com um colorido e uma força de Dickens ,foram coreografados em cômodos esfogueados .
Barnes , narra numa pretensa , natural e calma terceira pessoa , alternando habilidosamente entre Arthur e George , e tudo flui tão suavemente que VC raramente percebe que ele está fazendo alguma coisa terrível, e com uma perícia perfeita com as tensões.
As passagens com George estão no presente perfeito até sua prisão , quando a progressão de sua vida , como ele a vê , se dá como uma parada inesperada ; e as de Doyle estão no passado até que ele conhece Jean e começa um relacionamento que , diz a si próprio “ não tem passado , e sem futuro que possa ser imaginado;
só tem presente. “ Muito astúcia pela metade ? Numa trama francesa , poderia ser mesmo assim . Mas em “Arthur and George”
percebe-se como uma honesta tentativa de ver a estória profundamente , ou vê-la mais além – em um evento- para enxergar mais claramente .
E no caso das tensões parecerem cruciais para o término do livro
um preparo superbo em que George Edalji vai ao Albert Memorial Hall para Arthur Conan Doyle , que 23 anos após seu ultimo encontro , faleceu . Há uma cadeira vazia para Doyle no palco , uma médium tenta fazer contato com seu espírito , e dramaticamente ( se não convincentemente ) anuncia , “ Ele está aqui ! “ O míope George , que brevemente foi assustado pela possibilidade que seu próprio pai poderia estar presente no Hall
( um falso alarme ) , ensaia seus binóculos na cadeira vazia .
O livro termina com três perguntas – ou uma simples questão , com pose de tensões diferentes :O que ele vê ? O que ele viu?
O que ele verá ? “ O final ecoa o inicio da trama , e a firme declarativa “ Uma criança quer ver “ ( Esta criança é Arthur) e aquilo faz sentido , eu acho que VC poderia dizer pela inflexão da dúvida , sugerir que um fim apropriado termina com uma misteriosa e verdadeira estória que somente pode ter um profundo significado do mistério que nós temos visto, ou estamos vendo, ou iremos ver . O problema da invocação dos mortos , como médiuns e escritores de ficção históricas sabem , é que eles tendem a responder ambivalentemente , obliquamente , para dar respostas que não parecem respostas na realidade . E estas são as respostas que nós vamos ter que conviver pela vida afora .
James Barnes nunca aparentou apostar em obras primas Suas tramas , estórias e ensaios tem sido elegantemente confiáveis, engenhosas e humanas – a trama de 1984 “ O Periquito De Flaubert , “ um inteligente e sensível , Jeu d’esprit , permanece como seu melhor trabalho – e ele parece estar satisfeito com isso.
( assim como deveria ser ). Comparado com outros escritores britânicos formidáveis de sua geração , Barnes , é bem menos arguto , menos definido . Ele falha no trato com a assinatura como Martin Amis , ladino comediante ou a perversidade mórbida de Ian McEwan’s ou a magia realista de Salman Rushdi e o flamboyante Kazuo Ishiguro modesto e venenoso . Barnes é mais maleável , mais como o clima , pode ser a melhor qualificação para descrever uma grande novela Inglesa . “ Arthur and George “ é para finalizar , como os Ingleses protegem a si mesmos do emocional e pesado
clima , quão duro , e longo trabalho, tão somente para manter o frio e a neblina lá fora ! BH 25.08.2006
Terrence Rafferty , o critico destas notas é o autor de “ As Coisas Acontecem “ e “ Dez anos Escrevendo A Respeito De Cinema”.
Pesquisa , Tradução , Divulgação : Miguel Moyses Neto – Se gostou desta matéria , divulgue para seus amigos.
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