domingo, 5 de maio de 2013

“Mortalidade” (sob demanda: O entendimento desta matéria pressupõe o conhecimento prévio de seus personagens )



                     “Mortalidade” (sob demanda)
         ( O entendimento desta matéria pressupõe o 
              conhecimento prévio de seus personagens )  
                             
  By Christopher Buckley para o New York Times.
                              

Christopher Hitchens começou suas memórias , “Hitch-22,” numa nota divertida ao encontrar-se numa publicacao da Galeria de Retratos mostrando “ o Falecido Christopher Hitchens.” Ele escreveu, “ Então ai esta, numa foto impressa e fria , a frase sem adornos que um dia ira se tornar inequivocamente verdadeira.

Em 8 de Junho 2010 , alguns dias após suas memórias terem sido publicadas, ele acordou no seu quarto de hotel em New York “me sentindo como se eu realmente estivesse sido preso no meu próprio cadáver. O meu peito e meu tórax  haviam sido totalmente abertos e mexidos e depois preenchidos com cimento de secagem lenta.” E assim começou uma odisséia de 18 meses através da terra da malvadeza, culminando com sua morte de um câncer esofágico no ultimo mês de Dezembro , quando aquela frase sem adornos em que ele havia contemplado sua própria mortalidade havia se tornado inequívoca e verdadeira. Ele tinha 62 anos de idade.    

“Mortalidade” e um volume suave – ou , para usar a palavra de que ele adorava empregar , transcrição – consistindo de sete artigos que ele mandou para a revista Vanity Fair de “Tumorville.” Os primeiros sete capítulos são , virtualmente tudo que ele escreveu sobre sua longa e distinguida carreira , um diamante bruto e brilhante. Um oitavo capitulo final consiste , como o editor nos informa , de notas sem finalizar e “piadas fragmentadas” que ele escreveu nos seus dias terminais na unidade de saude intensiva do M.D. Anderson Centro De Doenças Do Câncer em Houston. Elas são vividas mensagens que caçam e quebram corações – de uma garrafa saída do deck de um navio afundando , assim como também seu capitão sofrendo e lutando em agonia , através de morfina , para manter os motores funcionando:

As coisas que eu ainda tinha eram minha caneta , e a minha voz – e tinha que ser o meu esôfago . O tempo todo , enquanto as velas em par ainda estavam queimando , “ eu estava deixado a minha sorte com um mal estar e agora parecia um pequeno tumor vulgar , evidente. Este alienígena não pode querer qualquer coisa : se ele mata , ele também se mata , mas isso me parece muito simples e preparado para o seu propósito.
Mesmo assim não há ironia. Tenho que estar absolutamente calmo para não parecer uma auto- piedade e auto concentração.

“Este alienígena estava emprestando dentro de mim assim que eu escrevia palavras soltas sobre minha morte prematura anunciada.”

“ Se eu me convertesse seria porque era melhor do que um crente quando morresse , do que um ateu .”

“ Expressões ordinárias como a data da morte... será que meu cartão do Amex vai me suceder ? Minha carteira de motorista ? As pessoas vão dizer – eu estou na minha cidade numa sexta feira : VC vai estar por perto? Que pergunta esta ! “

Os fans do filme “ Withnail e Eu “ vão reconhecer o lugar do mal estar , e o “ pequeno tumor vulgar. “
Os leitores do seu clássico ateu , “ Deus Não E Poderoso ,” vão se “converter” um pouco : mais do que algumas poucas paginas em “ Mortalidade” que são devotadas – como se fossem – para um final , desafiador e bem arrazoada defesa da sua falta de medo de Deus.

Quanto aquelas “palavras soltas e ostentosas” , elas são do capitulo 1, das memórias do passeio promocional, o qual foi tão dramaticamente interrompido pelo “papo furado” do Reaper. Auto piedade? Aqueles seus amigos ( eu era um deles ) que testemunhou seus nervos de aço através do ordenamento atestado em que ele nunca sucumbiu a nada daquilo.

“ Para as palavras idiotas ( porque eu ? ) , ele escreve , o cosmos raramente incomoda os outros para replicar :
Porque não? “ No final ele estava valente , uma demonstração daquela fleugma britânica. Ele se tornou um cidadão americano em 2007 , mas a musica de fundo era sempre “H.M.S.” uma Pinafore”: “ Ele ainda permanece como um homem inglês.” ( a enfase e minha.)

“Mortalidade” aparece como uma bem fundada introdução pelo seu editor da Vanity Fair e amigo Graydon Carter , que e o autor do apimentado molho sem nenhum medo , Christopher, uma grande turbina mental e a sua marca imprevisível da anarquia que afetou seriamente as crianças em seus 20 ou 30 , do mesmo jeito que Hunter S. Thompson era de uma outra geração anterior .... Ele não se importava com a aterrissagem fora das virtudes liberais e convencionais.”  

A esposa devotada de Christopher e uma tigresa , Carol Blue , contribui – Eu já usei esta expressão “ quebra –corações “ , profundamente mudada depois que ela mesma se lembra dos “jantares de 8 horas “ nos quais eles recebiam em seu apartamento de Washington , quando depois de consumir bebida suficiente para toda a população da capital da nação insensível , Christopher se levantava e fazia um discurso de vinte minutos , ou recitava poesia , polemizava , e contava piadas , com suas próprias palavras e dizia : “ Como e bom sermos nos mesmos.“ A verdade daquelas declarações era evidente para todos que tinham a boa sorte de estarem presentes naquelas maravilhosas diversões. Éramos abençoados de estar vivos e em sua Cia , apesar das manhas seguintes serem um pouco menos abençoadas.

“Para mim,” ele escreve em “ Mortalidade, “ para lembrar as relações de amizade ocorridas naquelas conversações , que pareciam um pecado se fossem interrompidas : aquelas em que foram feitos sacrifícios para acontecerem num dia trivial.” Para dar suporte a isso , ele adere a varios degraus de William Cory e suas traduções dos poemas de Callimacus sobre seu amada amigo Heraclitus:

Eles me disseram Heraclitus, que VC estava morto.

Eles me trouxeram noticias ruins para ouvir , e lagrimas terríveis para dividir. Eu chorei quando me lembrava quão freqüente VC e eu ....

Incomodávamos o Sol conversando , e sentávamos para vê-lo desaparecer no horizonte. 

Ele foi um homem nascido com uma abundancia de predicados , Christopher : erudição , vontade , argumentos , estilo de prosa , para não dizer uma constituição titânica que , ate o traiu no final , permitindo que ele escrevesse ensaios perfeitos , enquanto o restante de nos ainda estávamos grunhindo de ressacas épicas e do alcance do ibuprofen  (medicação contra infecções). Mas o maior presente de todos pode ter sido o das relações de amizade. Nos seus funerais em New York , 31 pessoas , virtualmente, todos ela,,,,s com nomes pomposos , apareceram para falar em sua memória. Uma das apresentações foi de uma introdução que Christopher escreveu para um trabalho refeito de “ Hitch-22” enquanto ele estava gravemente doente:

“ Um outro elemento de minhas memórias – a estupenda importância do amor , das amizades e da solidariedade – ficaram imensamente mais vividas para mim através das experiências recentes. Eu então posso esperar e convir os efeito dos abraços e dos aplausos, mas talvez possa oferecer uma migalha de conselho.
Se existe qualquer pessoa conhecida de VCs que poderia se beneficiar de uma carta ou uma visita , não o faca por conta de um atraso para faze-lo. A diferença sentida, será quase com certeza muito mais do que VC calculou.”

Uma das “anotações fragmentadas” do ultimo capitulo de “ Mortalidade” “ e um abalo oculto no poema da morte gelada de “Aubade” de Philip Larkin :

O medo benéfico de Larkin no poema “Aubade” , tem uma reprovação implícita pelo seu estoicismo. Justo suficientemente somente de uma maneira: os ateístas também não deveriam oferecer quaisquer consolos.”

Para uma versão maior daquele pensamento terminal, veja seu ensaio das coleções “Argualmente”: Sem aquela síntese brilhante de angustia , nos nunca poderíamos fazer de “Aubade” uma meditação profunda das extinções constritas da tensa e brilhante contraposição entre uma filosofia estóica de Lucrecio e David Hume , e os seus próprios terrores óbvios.”

O ensaio termina com duas linhas de um outro poema de Larkin o qual poderia servir para o epitafio de Christopher .

O nosso “quase” instinto e sempre verdadeiro :

O Que Sempre Vai Nos Suceder Será o Amor . J (NT)
As partes discrepantes sempre estiveram com ele: a língua afiada , com o coração suave.

Não há um “terror sincero em “Mortalidade,” mas sempre um grande e agudo arrependimento de “ter deixado a festa mais cedo.” Assim mesmo, quando olhava o abismo, sua vontade mordaz não o abandonava:

“O diagnostico dramático do câncer maligno tinha uma tendência de acabar. A coisa começa a ficar paliativa, ate mesmo banal. As pessoas podem ate ficar familiarizadas com o espectro de uma eterna vigília, alguém com um problema , no meio do corredor, ao final da tarde, na esperança de bater um papo. Eu não faço nenhuma objeção para”pendurar meu casaco” da maneira mais comum, como se estivesse sempre me lembrando que esta na hora de pegar o caminho. Não e isso, e a invasão que me deprime.”

Em sua primeira colecao de ensaios, “Preparado Para O Pior “ ( 1988 ) ele citou Nadine Gordimer como efeito de uma “ pessoa que devesse tentar escrever postumamente. Por isso , me leva a pensar que alguém deveria compor mesmo, com restrições normais – ou modais , comerciais , auto censuradas , publicas ou talvez como uma opinião intelectual – nunca devesse fazer uma cirurgia.”

Ela faz referencia do passado em “Argumentando,” na introdução escrita em Junho de 2011 , profundamente no coração de Tumorville. Ele ainda estava indo mano a mano com aquela vigília , para então ficar totalmente realista sobre suas chances , sabendo que naquelas palavras escritas poderiam muito bem serem publicadas postumamente. Assim que “ ele apareceu “ , ele viveu o suficiente para ver “ Argumentando “ para o que seria –“ Inequivocamente , brilhante. Que conclusão. Que vida.”

Ele percebeu que alguns dos ensaios poderiam ter sido escritos “ na totalidade de sua consciencia que talvez seriam quase os últimos , pensados de um jeito ou hilariamente de outro , esta pratica poderá nunca ser aperfeiçoada.”

Estando na companhia de Christopher raramente estava sóbrio, mas sempre hilariante. Assim, e, no entanto auto-induzido , ler esta estória de coragem , um dispositivo contábil dos anos “ de uma vida morrente “ nas garras de um alienígena que o “sucedeu” , onde nenhum dos seus oponentes em debate o tinham derrotado.

Em sua palavras finais , Carol relata uma anedota sobre a filha deles , então com 2 anos de idade , num dia encontrando com uma abelha rainha morta no chão. Ela então pede a seus pais que “faca ela reviver.”
Ela ao ler o obituario positivo de seu pai ,e o leitor vai provavelmente estar bem informado sobre a terrível consciência da perda de Antonia.

A ultima novela de Christopher : “ Eles Comem Os Bichinhos, Não Comem ???
BH 05/05/2013             

Pesquisa , Tradução , Divulgação : Miguel Moyses Neto  Se gostou desta matéria , divulgue para seus amigos.
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