O Blog tem intenção de informar a um seleto grupo de pessoas, que quer aprender pela experiência de outras, o que lhes falta em conhecimento. No universo das pessoas, nem todos tem um entendimento completo. Estamos sempre inovando para suprir esta lacuna para aqueles que se arriscam na complexidade dos sistemas. Escolhemos matérias que ajudam em vários aspectos, no sentido de ser uma pratica feliz e agradável, não somente nas operações lucrativas, mas também nas horas mais difíceis.
quinta-feira, 24 de janeiro de 2013
As múmias e seus mistérios- Diálogos
Elion: — O senhor poderia me dizer algo sobre as múmias,
já que de toda a literatura percorrida não pude extrair
um só conhecimento real sobre elas?
Preceptor: — Raras vezes as múmias foram objeto de estudos
especiais, e, se os historiadores se referiram a elas, foi
somente para chamar a atenção para o original costume
daquelas civilizações do passado tinham de
conservar os cadáveres.
Os egípcios pertencentes às poderosas dinastias
que agruparam, nas margens do Nilo, os gênios mais
destacados daquela época, conheciam o segredo das
múmias, mas se precaviam muito bem de revelá-lo ao
povo, alheio por completo aos mistérios iniciáticos
que circundavam ou interpenetravam* os templos e
os suntuosos palácios dos faraós, onde as castas de
seleta categoria realizavam seus rituais e confundiam
suas almas na plácida contemplação dos enigmas
que, de vez em quando, se transformavam em luminosa
transparência, surgindo, ante os que eram capazes
de compreender, com toda a nitidez do incorruptível,
do inalterável e do verdadeiro.
Os gênios egípcios, os campeões do conhecimento
* N.T.: O autor adotou, no texto original, o neologismo “interpenetrar”, ao conferir
a este verbo o sentido de “estar penetrado em, existir dentro de, constituir-se no espaço
interior de”. O mesmo valor neológico está presente no texto traduzido ao português. sempre aconselharam os troncos fecundos, de
ilustre ascendência, a cuidar da herança do sangue
mais do que de si mesmos, fazendo com que os
filhos, ao seguirem as linhas hereditárias que mais
conviessem à sua evolução, continuassem superando
os estados alcançados pelos pais e avós na ordem da
Sabedoria e do aperfeiçoamento individual.
Assim foi como surgiu a necessidade de conservar
os corpos intactos, para que os descendentes pudessem
chegar a reconhecer seus antepassados, e talvez
a si mesmos, como acontecia no seio daquelas castas
privilegiadas, pois era crença muito generalizada que
cada descendente de ilustre linhagem que alcançava
grande evolução voltava a encarnar em gerações posteriores,
conservando os traços fisionômicos de sua
anterior existência corpórea.
Elion: — Se fosse verdade, isso nos revelaria um enigma de
incalculável transcendência para a vida humana.
Preceptor: — Devemos por agora nos comportar deixando de
lado nossas dúvidas, para que a força fertilizante destes
conhecimentos adube nossa terra mental, preparando-
a para que nela germinem as idéias mais luminosas.
Elion: O senhor tem razão; eu mesmo percebi essa força.
Seu eco despertou em meu ser interno indefiníveis
ressonâncias comovedoras, sugerindo idéias destinadas,
sem dúvida, a promover em mim inquietudes
espirituais novas.
Preceptor: — Não é estranho que isso lhe aconteça, por ser uma
reação lógica de sua sensibilidade, correspondendo
ao que você está escutando. Prosseguirei agora com
o tema que motivou nossa conversa. Quando os
jovens, preparados severa e rigorosamente por seus
instrutores no conhecimento dos mistérios, chegavam
a certa idade, eram levados a visitar os imponentes
panteões, que pareciam templos construídos para as
almas. Cada múmia — dizia-se — estava imantada
por misteriosas e sutis correntes magnéticas, tanto
que muitos não podiam resistir à impressão que sua
proximidade lhes causava. Os sábios, que conheciam
o segredo, faziam com que o jovem herdeiro, posto
em frente a cada uma das múmias, identificasse aquela
que tinha carregado seu próprio sangue, que viveu
antes dele e da qual, ou de si mesmo talvez, recebeu
em herança a evolução alcançada durante suas permanências
físicas na terra.
Sucedia que o jovem iniciado, ao chegar diante
de sua múmia, à qual pertencia por herança, experimentava
uma rara sensação que, por certo, não passava
despercebida a seu experiente instrutor. Sentia-se
como que atraído por ela, e, ao contrário do que
lhe acontecia diante das outras, que lhe causavam
espanto, com a sua, não sofria o menor temor; na verdade,
o que se produzia nele era algo assim como um
despertar e um aumento vertiginoso de memória, a
ponto de, em alguns casos, superar em grau máximo
a de seu próprio instrutor. Dizia-se que havia recobrado
a consciência de si mesmo através da herança,
manifestando ele mesmo que, ante a múmia, sentia
reviver uma extraordinária quantidade de passagens
que lhe eram familiares, e que por momentos tinha a
sensação de se haver convertido em múmia, como se
sua alma passasse indistintamente de seu corpo à
múmia e desta novamente a seu corpo.
A seguir, e após múltiplas comprovações, reunia-se
o sacro conclave de iniciados, presidido pelo
faraó, e eram concedidas ao predestinado todas as
prerogativas inerentes à sua categoria, conforme a
posição que ocupara o antepassado ilustre no
momento de fechar seus olhos físicos.
Elion: — Ele efetivamente recuperava a memória de suas
anteriores existências, e era isso perfeitamente comprovado,
ou essa recordação se manifestava simplesmente
num aumento de sua capacidade espiritual
para abarcar maior sabedoria?
Preceptor: — Eu poderia muito bem responder à sua pergunta
dizendo simplesmente que o acontecimento provocava
um despertar da consciência ou uma súbita iluminação
da inteligência; entretanto, será fácil para você
admitir que, por discrição, devo omitir algumas descrições
interessantes e de suma importância sobre as
múmias, depois de ocorrido o encontro revelador.
Você não deve esquecer que a imaginação
comum, tão audaz, tecerá a esse respeito inúmeras
lendas, mas a sábia expressão do pensamento mil
vezes sensato, que formula suas inteligentes reservas,
adverte que a realidade, como a Verdade, não se dá
em propriedade, mas se conquista ao identificar-se
com ela. BH 15.10.2011.
Pesquisa , Tradução , Divulgação : Miguel Moyses Neto
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